CRESCER ENTRE ENTARDECERES
Cresci entre o entardecer disfarçado pela luz eléctrica.
E o entardecer demorado e mágico do lugar,
que sem me ver nascer, adoptou. E eu a ele.
Sonhos e promessas em olhares sem pressa.
Resgatados em ofertas de prazer.
Sinto-me imensa quando o olhar pousa nas ramagens altas
do topo dos pinheiros.
A alma ensurdece, às angústias que a atulham (não sei porque razão).
E adormece na música do vento,
que brinca por entre flores mato e árvores.
Crescem á solta sem ninguém a empatar o espreguiçar da vontade.
O céu estende-se, de mim até onde os olhos chegam.
Os cheiros chegam a mim (não sei de que flores), são tantos!
Os verdes misturam-se com a cor da terra.
E eu resulto … adiada … A tentar distingui-las, separá-las.
Simples distracção. Não as quero desacasalar. É assim que as amo!
Num amontoado de vida que vive sem cercas.
Queria partilhar contigo este prazer.
Não saberei nunca encontrar a palavra certa,
para cada emoção a nascer,
quando por aqui desamarro os olhos.
Voltam tristes, na hora da partida.
Agarram a catadura que deixaram,
onde o céu espreita nos espaços deixados entre prédios;
No verde preso numa e outra varanda
a fabular as cores que guardo no peito.
Aqui não fui mais feliz que em qualquer outro lugar.
Nasci com a alma a pedir abraços ao mundo!
Mas aqui… Sossega-me a alma no alto dos pinheiros
a olhar o céu que não tem fim.
Ana Rita
Muito interessante este CRESCER ENTRE ENTARDECERES. Sei que não se pode avaliar um poeta por um só poema, mas gostaria muito d conhecer mais algumas obras da Ana Rita.
De Anónimo a 20 de Março de 2008 às 14:19
quem sabe um dia vou conseguir mostrar mais poemas. os que guardo na(s) gaveta(s).
Estou a gostar muito deste POST. É mais uma forma de motivar as pessoas a descobrirem os poetas que, sempre, existem dentro de si... e de aprenderem, também na criatividade, a separar o trigo do joio. Em última instância, de fazer nascer joio que até pode ter umas espigas de trigo pelo meio e que, por isso, também é muito bem vindo...
Só não entendo porque é que os "criadores" do POST são anónimos...
Tive dois amigos que se recusaram a participar por causa disso.
Bom, ficou à espera de mais trigo... mesmo que traga algum joio à mistura. Porque a Poesia também se constrói!
O que é mais importante: Camões, ou os Lusíadas?!
Vita brevis, Ars aeterna... a obra sobrevive sempre ao autor.
De
yodleri a 8 de Março de 2008 às 17:45
Por outras palavras: A obra pode-se roubar, o autor é roubado! lol
Pois é amigo. E o autor fica felicíssimo por ser "roubado"! Desde que escrevam o seu nome por baixo, claro!
Há quanto tempo o homem não deixou de existir?! Refiro-me ao Luiz Vaz, é evidente! Talvz eu fosse uma criancinha um tanto ou quanto invulgar, mas sempre adorei ler Os Lusíadas. Acho que foi à custa dele que nunca mais me esqueci de como se dividem as frases em orações...
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