Dragonfly
A minha terra tem mil contos,
conchas de lembranças, pessoas pérolas cor de libélulas.
A minha terra já foi tantas
e hoje de cores desfeita enfeita sonhos sua beleza,
de ser minha terra, ar, fogo de amor e memórias,
terra de carne, terra de tempo, de dias estendidos ao vento,
de léu, de viver contentamento
junto aos meus e dos outros
a nós, perdidos e loucos.
A minha terra quis ser minha e eu dela,
mas quando a terra vai tão fundo todo lugar é ela.
Quanta terra afunda a raiz desse galho onde pousa essa ligeira libélula?
Desterro foi seu nascimento e vôo o seu destino
[pois de água e sol se fez seu desatino.
A minha terra é sua, só vir mais perto.
Vamos fazer desterro e abrigo, amor de lar e cansaço de caminho,
de querer ficar e sonhar com um desvio,
onde nascer e morrer é ser sozinho.
Pois sincera é a terra onde morro a cada instante,
onde nasce minha mãe e parentes distantes,
a construir castelos de contos gigantes.
Anos e anos cultivo meu voltar para lá de onde vir,
[para dentro de tudo que é meu,
e minha terra, ah minha terra, é meu ultimo instante,
minha primeira e última alegria ela abraça sem saber quando finda ou inicia,
pois de amor e fruto é feita, e tão grande e densa
que não há lugar onde ela não inventa
uma sombra, um aconchego para acalentar seu dragão que voa.
Vimalo
TERRITORIALIDADE
Meu altar entre concha e girassol,
Meu estro, meu luar de incenso e prata,
Tão humilde é a voz que te retrata
Quão desmedida a luz desse teu sol...
Tua planura imensa como imagem
De uma capela erguida junto ao mar…
Eu ergo a minha voz para te cantar
Uma canção que vem dessa paisagem.
Quem dera ir mais além, cantar mais alto
A serena beleza que me envolve
Sobre este chão salgado onde nasci
Onde a terra e o mar, num sobressalto,
Justificam a paz que agora absolve
A vida de ilusões que vivo aqui…
Maria João Basílio Brito de Sousa
Cidade à beira rio
Pelas pedras da calçada,
Percorro as ruas da cidade,
Da cidade da minha vida.
Vivo nela
E sem ela não consigo estar.
A saudade aperta
E a vontade de a sentir fala mais alto.
Volto sempre à cidade que conheço
E que se lembra de mim.
Olhá-la é recordar.
Todos os cantos têm memórias
E histórias para contar.
Pelas ruas da cidade,
Reencontro-me
E reconheço caras e passados
Com futuros por descobrir.
As cores, o ritmo,
A vontade de viver e sorrir
Prosseguem pelas ruas da minha cidade,
Brilhante à luz do sol,
Serena sob a lua,
Banhada pelo Tejo.
Seu nome.........Almada.
BRASÍLIA BELA, BELA E FACEIRA
COMO DONZELA NA TENRA IDADE
SUA GRANDEZA SE ESTENDE DE CIDADE A CIDADE.
BRASÍLIA VESTIDA DE VERDE E DE OURO
CERRADOS E CAMPOS, VERDE TESOURO!
BRASÍLIA FORMOSA, FORMOSA RAINHA
MÃE AMOROSA, DE LUZ E LUAR
ACOLHE GENTE DE TODO LUGAR.
BRASÍLIA NASCIDA NO CORAÇÃO DO BRASIL
CERCADA E PROTEGIDA POR BRASILEIROS MIL.
BRASÍLIA DE FEIRAS, DE COR E SABOR
DE PÃO E CALOR E BEIJOS DE AMOR.
BRASÍLIA QUERIDA, DE AR PURO E LAZER
TANTA BELEZA NOS DÁ PRAZER.
BRASÍLIA SONHADA, DE QUADRAS E PRAÇAS
DE NOITES DE LUA E CHUVA NA CALÇADA.
BRASÍLIA LINDA, DE MUITOS ENCANTOS
DE ASAS E LAGOS E DOCES RECANTOS.
BRASÍLIA ENSOLARADA, BELA E PERFUMADA
DE CLIMA AMENO E NOITES DE SERENO .
BRASÍLIA, PEQUENA, DE TRAÇOS MARCADOS
DE BEIJOS MOLHADOS, DE TARDES MORENAS!
APENAS MARIA
A Minha Terra
Se a Serreta, se a Serreta fosse minha
Eu mandava, eu mandava emoldurar
Com crianças cantando à sua Rainha
Para nunca, para nunca a ver chorar.
Vi o mar no seu tamanho inteiro
Tinindo na escarpada de amores
E ao virar o rosto do nevoeiro
És a linda estrelinha dos Açores.
A Terceira dá guarida e quer bem
Ao Altar no vale da bela serra
É lá que a nossa verdadeira Mãe
Dá o brilho d’alfenim à minha terra.
Minha terra, doce lar és um encanto
Que me prende, que me prende o coração
Carnaval, Pezinho e Espírito Santo
Dos Milagres é a Mãe da devoção.
Oh Pátria desperta! Sê livre! És gigante
Quebre as cadeias, não curves a fronte
Há tantos perdidos em trevas e fugas, nas drogas, nos vícios, na alucinação
Em caminhos loucura, caminhos de morte, em tempos de sombras, sem vigor e paz.
Multidões em desespero encontram-se no vale, no vale de sombras, de sombra e dor
Pessoas frustradas, cansadas e oprimidas, que caminham sem esperança e vigor
Ó Pátria desperta! O que há contigo? Sempre fostes assim?
Brasil de brancos, negros, índios, de pobres, ricos, de individualistas,
Fonte de riquezas, abismo de pobrezas, rios caudalosos, florestas, matas,
Brasil disparidades?
Não vês que em meio a tua hegemonia enegrecem-se teus horizontes e fenecem as esperanças de paz?
Paz, paz, paz,
É o sentimento que mais necessitas
É o grito que surge na alma do povo
Agiganta o pequeno – robustece
Enriquece a alma – enaltece
Vence o barbarismo que uma espada ergue
Unifica – reunifica, e sobre as ruínas da guerra hasteia o estandarte do amor
Paz, paz, paz,
Clamam índios, negros, mamelucos, cafuzos, confusos cidadãos
Que pelas vilas e tabas, choupanas, estradas
Vivem segregados, injustiçados, desempregados.
Pátria Amada desperta! Sê livre! És gigante,
Quebre as cadeias, não curves a fronte
Mostre teu brilho incessante e indique a teus filhos a jornada de paz e amor.
Autoria: Paulo Henrique Carvalho - Macaé (RJ)
Minha aldeia entre montanhas
Será que o sol nasce todos os dias por entre as montanhas que protegem esta minha aldeia que foi a vida de várias gerações? Ainda vejo pessoas que desandam por entre ruas estreitas e se tocam ocasionalmente, cheiros que se cruzam e se misturam, olhares que se perdem no tempo e na imaginação, vejo o passado o presente e o que será o futuro destes seres que se tocam ocasionalmente por entre ruas estreitas. Sol que aquece montes e vales, faz transpirar as suas roupas pesadas que escondem corpos de peles usadas sedentas de serem exibidas para olhos calmos e tocadas por dedos sedosos. Vejo ruas desgastas, pisadas por pés descalços cansados de caminhar sobre um chão duro que por vezes faz doer até o próprio rosto, vejo ainda ruas de paredes tortas feitas por mãos calejadas por palavras frias ditas em dias escaldantes. Vejo ainda ruas estreitas que em breve deixarão de ser pisadas por esses pés e tocadas por essas mãos e por outros pés e por outras mãos, mas ocupadas apenas por orvalhos, borranhos, chuvas, ventos, nevoeiros, neves...
Será que o sol continuará a nascer todos os dias por entre as montanhas que protegem esta minha aldeia de ruas estreitas onde pessoas ainda se tocam ocasionalmente?
eu ljs - Luísa Santos
Vou pela costa de água
Feita na madrugada.
Na encosta, a miragem
Da estrada que me leva
De volta a casa.
E eu contemplo-te
Do alto do miradouro.
Desfruto do momento
E vejo-te por completo.
O tempo passa
Tu não perdes o teu encanto:
De água cristalina
E brisa no ar
Pela arriba fóssil
Há-de a estrada me levar
Desde a costa de água
Ao Vale da Charneca,
Ao sossego do meu lar.
Abandono veemente esta repugnante visão
De uma realidade suja e indigna.
Onde a pecaminosa e materialista depressão
Se autocoroou e autoproclamou…
Onde reina o gentil vilipêndio e
Incompreensão. Que é tratada como um ser
Trivial e democrata de entre a “civilização”…
Apresentai, pois então, apenas uma pequena parcela
De compreensão e igualdade,
E passarei vós a virar o louco nesta vil união!
Carece de amor, carece de protecção…
Doce terra do meu coração!
ARCOVERDE, MINHA TERRA POR OPÇÃO
Não fui gerada em seu seio, mas fui por você
Acolhida como filha adotiva desde tenra idade
Seus braços foram abertos acarinhando-me desde a infância
E neles encontro o aconchego que tão bem me faz
Terra hospitaleira de geografia privilegiada
Cercada de serras por onde o sol sorri pela manhã ao nascer
E despede-se emoldurado por um dourado-avermelhado ao entardecer
Trocando de lugar com a lua vestida com as cores de suas fases
Seu coração sertanejo é forte, acostumado as intempéries da seca
Em seu solo falta chuva, mas as lágrimas do seu povo sofrido
Lavam as impurezas e as tristezas da alma molhando o chão esturricado
Seu povo é feliz. Aprendeu a fazer das dificuldades ponte para o aprendizado
Aqui brinquei, sorri, estudei, chorei, amei, cresci
Aqui me tornei menina-moça, mulher, mãe, trabalhadora, guerreira, educadora
Aqui descobri a importância da espiritualidade como fonte de crescimento
Aqui aprendi a ver em Deus um amigo para conversar e confiar
Em sua generosidade oportunizou-me atuar na vida profissional
Em sua grandeza de espírito, ensinou-me a viver em paz
Em sua sabedoria fez-me militante e ativista das causas humanas
Em sua poesia ensinou-me a escrever em versos.
Autoria: Selma Amaral
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