Quarta-feira, 20 de Fevereiro de 2008
"A minha terra"
Esta terra não é a minha terra.
Nenhuma terra é a minha terra.
Nenhum grão do que seja, de terra, de areia, do que seja, é terra que eu pise.
Eu não piso chão algum.
Eu não me movo, não me atrevo, nesta ou em qualquer terra.
Quantos anos somam as poeiras que me ferem a vista cansada?
As poeiras que me devoram entranhas e pele e os olhos feridos, esbatida a visão que me tolda numa rajada de vento vil e doentio.
A poeira traiçoeira que me devora e não me deixa pisar o chão, chão algum.
Me fere a vista cansada, me expulsa desta casa que não tenho, que não habito, como a terra, terra alguma, seja qual for.
Nenhuma terra é a minha terra.
Eu não vivo, nem respiro, não me movo, nem respiro, não existo, nem respiro.
Em terra alguma, eu não tenho terra, eu não a exijo, não a permito.
Esta, esta terra que não é minha.
Nem esta nem terra nenhuma.
Anónimo
Sábado, 9 de Fevereiro de 2008
MOÇAMBIQUE
Pedaço de terra africana
Pedaço de liberdade
Terás tu, para quem te ama
Paz , Amor, Verdade?
Abandonei-te!
Abandonaram-te!
Pedaço de terra africana
Agora que te libertaste
Pergunta a quem te ama
Quanto te sacrificaste?
Sangue e dor se misturaram,
Do branco, negro e mestiço.
Agora que a ferida sararam
Para que valeu tudo isso?
Terás tu, para quem te ama
Paz, Amor, Verdade?
Pedaço de terra africana
Pedaço de liberdade!
Autora: Fátima Negrão