Cidade do Porto
As tuas iniciais,
São nome de Portugal.
São cinco letras reais,
Pois tu és original!
Tenho gosto e vaidade
Por ter nascido no porto.
Sou desta linda cidade
Tripeiro vivo ou morto.
Sou deste porto velhinho
Do rio douro vaidoso.
Também és nome do vinho
Que no mundo é famoso.
Do caloroso São João,
Do trinta e um de Janeiro
E das tripas com feijão,
Deste porto hospitaleiro.
E da velhinha ribeira
Do mercado do bolhão!
É esta cidade tripeira
Que trago no coração.
És minha cidade
Do norte de Portugal,
Terra de Liberdade
Sempre nobre e Leal.
Pedro Augusto
“Há coxas nuas a correr pela cidade.”...
Há coxas nuas a correr pela cidade.
Ninguém repara nelas,
são coxas vulgares
umas de mulheres
outras de homens,
andando sozinhas, separadas de corpos e almas,
pelo Bairro Alto à noite,
pelas calçadas com pedras soltas,
pelas escadinhas escondidas atrás das esquinas,
pela minha casa e pela minha cama,
quando a penumbra abandona o seu silêncio azul
e lentamente nos murmuria
o caminho da pele.
São coxas simbólicas
lembranças de pequenos amores
e esquecimentos feitos de manhã
quando o corpo já expulsou os seus males
e do sexo terminado faz motivação luminosa.
Algum dia apanharei uma dessas coxas
e a juntarei a mim.
Aí poderei estar à frente do espelho
e encontrar-me naquele limiar
onde observo desfocadamente
o recanto já velho da minha surdez
e já não sei o que vejo:
se o teu cabelo
se o mar invadindo-me.
. (71) "Há coxas nuas a cor...