Terça-feira, 19 de Fevereiro de 2008
Minha Terra Eurotupy Nagô
Fui do Tejo aquele impetuoso a expulsar os Mouros, a tomar Celta,
a se lançar, para muito além da Taprobana, com sua nau,
e a ver no sal do mar as lágrimas do Porto, Portugal.
Fui Peri, Camões, Zumbi e Nassau:
E aprendi sobre as constelações, o tempo e a entropia.
Controlei o sextante, as correntes e os mapas.
Compreendi os postulados de Euclides,
a sensualidade das linhas de Niemayer,
as topologias, as intricadas álgebras de Clifford
e a desmesurada exatidão da arte plumária.
Depurei as cartas de amor de Soror Mariana,
e entreguei-me à dança e ao tambor,
ao ópio e a De Quince, ao álcool e ao sexo.
Aprendi sobre Santa Bárbara, Oxum, Oxossi, Logum-Edé;
e sobre os versos de pedra dos Yorubás.
Enfim, dessas terras minhas,
desse vasto domínio português eurotupy-nagô,
aprendi sobre essas coisas todas, que são descritas ora como alegres,
ora como interessantes e as vezes como civilizatórias;
mas que se prestam somente a subtrair um pouco do tédio,
da brutalidade, da arrogância e da melancolia humana.
Autor: Berti