Na minha terra
A terra… Preta, preta, preta…
O verde… Come-se…
Os pássaros… Um azul quente…
Os Velhotes… Os suores…
A transpiração… As rugas…
Círculos… Vidas…
Os Avós… Os Netos…
Os Netos… Os filhos dos Netos…
O lugar… A aldeia…
O respeito… A simplicidade…
Os actos… A verdade…
Sem preços… A honestidade…
Na minha terra…
É assim,
Na minha terra…
Migos Môr
Minha Terra
Em minha terra me sinto tão acolhida e integrada,
que às vezes me faltam olhos críticos
ou de justo encantamento
- a ela não pareço estar suficientemente atenta .
Se viajo, outras seguram o meu olhar curioso,
predisposto a delas gostar
- há quase sempre a intenção de voltar.
Mas é à minha terra que sempre retorno,
bendizendo o meu lugar no mundo,
aquele que reconheço como pátria
e me reconhece como filha.
Terra minha,
não apenas um espaço físico,
mas um conjunto de sentimentos,
modos de ser, posturas,
que definem sua alma,
nossa alma brasileira...
Cecília Quadros
Numa aldeia adormecida…
Numa aldeia adormecida,
Em dia de tempestade,
A Senhora na Azinheira pousou,
Às três Crianças falou.
A sua dor ao Mundo partilhou,
Ao fim da guerra suplicou.
Sobre a aldeia de Fátima,
O sol bailou e a esperança pousou.
O povo gritou,
Mergulhado na miséria,
Suplicio de dor,
Num País ditador.
Sobre a Terra de Fátima,
A Senhora o Mundo abençoou,
Com seu Amor de Mãe,
Da guerra nos salvou.
Fátima Terra de Fé,
Arrastas multidões,
Em tantas gerações,
Iluminadas pelas suas orações.
Fátima Terra de Fé,
Pequena aldeia adormecida,
Que agora não é esquecida,
Unes nações e abraças as religiões.
Ana Guedes
Cobriu de cinzas minh’alma quando parti.
Na bagagem sabor de jabuticabas,
o mistério dos porões escuros,
chiado dos carros de boi na modorra do dia
domingos chuvosos
lamento de flauta pela vidraça molhada.
Um sonoro badalar. De onde é o sino ?
É o das Dores, é o de Santo Antônio?
Sons de matraca no silêncio das ruas.
Catas abandonadas - morada da Mãe do Ouro
visão fantasmagórica nas noites de prata.
O canto do pássaro no galho
doces manhãs de neblina,cheiro de infância.
O trem engole a serra.Último silvo
ponto final de uma meninice dourada.
O tempo derrama a saudade
e molha o peito com água dos olhos.
MALANJE, MINHA TERRA
Malanje, minha Terra,
Malanje, minha Vida,
Malanje venceste a Guerra,
Mas tua Palanca está ferida.
Malanje já recupera
deitada no planalto
e hoje cobre a sua terra
com Paz, Brita e Asfalto.
Malanje das cinzas renascida,
qual Fénix, ressuscitou
do fogo, que a deu por vencida,
mas foi Ela que o queimou.
E como sempre, de mão estendida,
a todos já perdoou
e até à Queimada está agradecida,
pois foi quem a regenerou.
Malanje pelo Mundo espalhada,
por via da Gente que partiu
e se viu "entornada", refugiada,
num país a Norte e frio.
Malanje da Gente que ficou,
porque não teve alternativa,
e na querra morreu, sofreu,…e amou,
lutou, venceu… a chama está Viva.
são fragrâncias únicas as daquela cidade
pequena, aldeia grande, que tenho e tinha
que me pertence por não ser minha
eternamente nossa e somos só nós na verdade.
Alentejo cheio de sabores e desertificação
cidade perdida e achada no meio dos campos
com tantos cheiros e brilhos e encantos
com gente com vontade de emancipação.
é linda; é cercada com serra.
tem ruas e castelo e ruelas
e cheiros únicos escondidos em vielas
e gente…esta é a minha terra.
Ana Durão
“A minha terra”
Filipe Miguel Costa
A minha Terra
Nem sempre regressar a casa,
Ao local onde nascemos,
È a melhor solução.
Existe todo um caminho de estrelas mortas,
De sombras, de fantasmas.
E eu sinto que estou na escuridão. Ao teu lado.
Não é preciso visitar-te.
Sei que estás lá. Aqui. Dentro de mim.
Sinto que levanto o peso dos anos.
Todos aqueles que preenchem o calendário.
Não me esqueces. Não te esqueço…
Sei que viverás muito para além dos meus dias.
Assim como o braço do barbeiro
Só está completo quando segura a navalha,
Tu és um prolongamento de mim.
Paulo Eduardo Campos
A PRAÇA
Rejuvenescida e vivaça
Ex-libris da cidade
Tão bela está a Praça
Nosso orgulho e vaidade
Acolhedora e colorida
Espraiam-se nela esplanadas
Buliçosa e envolvida
De gentes refasteladas
Agradável a quem passa
É o coração da cidade
A nossa tão velha Praça
Respira graciosidade
Sala de visitas de Leiria
Alegre e irrequieta
De todos é companhia
Até do Rodrigues Poeta
Em tempos rosa perdida
Que por milagre e graça
A Rainha Santa deixou caída
E se transformou em Praça
Isabel Batista
Besteiras - Uma pequena aldeia
Fiz de uma pequena aldeia ribatejana
Tingida pelo verde intenso da serra
O chão donde minha alma emana,
O meu lar e a minha querida terra.
Fiz do verde intenso dos pinheiros
Refúgio dos meus encantos e ilusões,
Neles escrevi páginas de livros inteiros
Feitos de sonho, fantasia e recordações.
Fiz do chão onde nascem belas flores
E do ar sempre leve, fresco e puro
O maior de todos os meus amores,
As raízes do meu passado e futuro.
Fiz do cheiro da terra em noite de luar
O perfume dos lençóis da minha cama,
Fiz dele a melodia que paira no ar
Sempre que a saudade acende a sua chama.
Fiz de uma pequena aldeia ribatejana
A minha esperança, a luz do meu viver,
Fiz dela o chão donde minha alma emana
Minha terra...
Falo da minha terra com amor e com tristeza.
Essa terra decantada em verso e prosa com muita beleza,
É a terra das palmeiras e do sabiá,
Das motosserras e das queimadas,
Terra a muito massacrada, pelo homem sem coração.
Oh! Minha mãe gentil de beleza esfuziante,
O que aconteceu com teus filhos?
Porque te machucamos tanto, se nos dá tanto?
Tudo o que temos de alguma forma, advêm de ti,
E não lhe somos gratos, apenas nos tornamos fracos
Seduzidos pelo mau, Vil Metal.
Oh! Minha mãe, teu semblante ainda é tão belo.
Tua pele carrega as mais lindas praias,
Veneradas e amadas pelo mundo afora,
As mais belas matas, a terra mais fértil,
Os sabores mais doces, o pulmão do mundo.
Porque somos tão imundos? Porque te fazemos tão mal?
Peço a Deus, que te deu a vida,
No seu momento de maior inspiração,
Que nos dê a palmada merecida,
Para que acordemos desta letargia desmedida
A rezar para que não seja em vão,
O nosso pedido de perdão.
Márcio de Sousa
A minha terra
Arouca
De verdes cabelos ao vento,
Do teu ventre... saem rios,
Que fertilizam as sementes,
Nos campos adormecidos.
- Qual princesa... deleitada...
Ouvindo o chilrear dos passarinhos.
Terra de gentes humildes,
trabalham com perseverança.
Lançam sementes à terra.
...Grávidos de esperança.
E sonham...
O brotar das sementeiras.
Arouca
Mulher sinuosa...
Teu ventre...maternidade.
Teus rios cristalinos,
Percorrem teu corpo...
De brio e verdade...
Tens um nome feminino,
Teus seios... colinas suaves...
Que arrebatem paixões.
Arouca
De verdes cabelos ao vento,
Nos campos adormecidos.
- Qual princesa... deleitada...
Ouvindo o chilrear dos passarinhos.
Luísa Pereira
A Minha Terra
Meu Amor se tu soubesses...
as aves que havia no luar da minha terra,
lá longe o mar nas noites claras, ao longe das casas, por baixo do céu...
se tu soubesses...
o pedido das janelas iluminadas pelo caminho,
e eu, aquela menina de tranças caídas, esperando na vidraça, os
passos que tardam nos campos, antigamente eram campos, campos,e não betão...
como eu tinha pensamentos inocentes...
se tu soubesses...
as grandes romarias de quaresmas santas
na minha Terra de crença, promessa e lágrimas que sentem
e os homens tristes, chorando, cantavam rezando...
se tu soubesses...
as estradas de como quem vem de longe,
os campos floridos de como quem nasce puro
naqueles campos de milho e trigo...
Se tu soubesses...
como a galope eu corria
fica mais perto de mim, não fiques mais longe de mim...
se tu soubesses...
a saudade que tive quando estive ausente...
a minha Terra anoitecia no mar, mas depois, a lua de gaivotas,
vinha beijar aquele mar imenso porque era diferente,
ah! se tu soubesses,
Mila
Oh, minha terra, do “mar salgado”
do ar lavado, das calçadinhas
do sol mais louro
ancoradouro das andorinhas.
Terra das pombas, filhas das ondas
em turbilhão
asas erguidas, cruzes perdidas
na imensidão.
Terra das praias d´areais louros
dos miradouros, a cada canto
Manhãs de bruma, tardes d´espuma
do meu encanto.
Oh, minha terra das penedias
das invernias, tanta aflição
bravas nortadas
fúrias eivadas de maldição.
Calvários brancos, sabe Deus quantos
no mar sem fim
dores apagadas, santificadas
rogai por mim.
Terra d´ esperanças
onde eu de tranças, bibe de folhos
me vi crescer
cobre os meus olhos
quando eu morrer.
Maria da Assunção Freire
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